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Projeto brasileiro para comunidade autossustentável é premiado na Itália

A ideia incentiva a geração de renda entre pequenos produtores e é considerada o primeiro passo para a erradicação da pobreza em sua origem

"Ao estudar e trabalhar com habitação social, uma lacuna me incomodava bastante. Via iniciativas que cobrem a deficiência de habitação, mas que não oferecem meios para que as pessoas mantenham suas casas. Daí a ideia de investir em uma criação que viabilizada a geração de renda", explica Noelia Monteiro, arquiteta que junto com Christian Teshirogi e Julia Marini , do Estúdio Flume, é responsável pelo projeto vencedor do Prêmio Call for Solutions, promovido pela Fondazione Giacomo Brondolini, da Itália.

Voltado para pequenos produtores agrícolas o protótipo desenvolvido pelo trio oferece uma copa, dois banheiros, uma área de refeitório e, claro, um local para cultivar mudas, manusear o que for colhido e guardar o material utilizado, disponibilizando o mínimo deinfraestrutura necessária para o trabalho de agricultores de regiões remotas do país. A ideia veio após a parceria do Estúdio com o ISES - Instituto de Socioeconomia Solidária, entidade que incentiva a geração de renda em diversos municípios brasileiros - principalmente regiões distantes da realidade urbana, que enfrentam enormes dificuldades, como a falta de acesso à água e também à matérias primas "básicas" para construção como tijolo e cimento.

Para chegar ao projeto premiado, o grupo de arquitetos, junto com o ISES, passaram dois anos em contato com comunidades do Maranhão, aonde identificaram dificuldade, pesquisaram as possíveis soluções e chegaram a uma construção capaz de atender as necessidades da região de forma sustentável, com matérias-primas locais, de fácil acesso e baixo custo.

Hoje, com 46m² , o abrigo deve ser feito com madeira de Babaçu, incentivando o total aproveitamento de uma planta que já é explorada pelos produtores da região do Maranhão para extração de óleos e folhas. Já quando o projeto for levado para outras regiões do país a matéria prima deve ser adaptada seguindo a mesma lógica, de um material que além de resistente esteja disponível e possa ser utilizado de forma sustentável. Outra preocupação foi a ventilação do ambiente, por isso, o piso fica acima do chão e a cobertura do abrigo é dupla, o que cria colchões de ar que ajudam a manter o ambiente naturalmente mais fresco - benefício mais do que bem vindo em uma região que dificilmente vê os termômetros marcarem temperaturas abaixo dos 30ºC.

A construção ainda é projetada em peças que encaixam entre si, assim, após receberem a estrutura mínima e as instruções para a montagem, a comunidade pode ampliar o espaço ou montar outros abrigos de forma autônoma. Por fim, também merece destaque as vigas em "V" que permitem a captação da água da chuva e a direciona para um reservatório. Assim os produtores podem tirar proveito dos 3 meses de chuva intensa e continuar com a plantação durante o período de seca. Após o prêmio o projeto sairá das telas do computador e receberá sua primeira versão. O espaço será montado em São Paulo e ainda não tem destino certo, mas Noelia ressalta: "ficaríamos muito gratos se ele pudesse ser instalado em umas das comunidades do Maranhão que nos inspiraram à cria-lo".

Via casavogue.globo.com

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